Advogado de Luciano Bonilha também discutiu com promotores e o juiz. Julgamento teve que ser paralisado por dez minutos
Francisco Beltrão, Paraná - O terceiro dia do julgamento dos quatro réus acusados de ser os responsáveis pelo incêndio da boate Kiss começou, nesta sexta-feira (3), com um bate-boca entre Jean Severo, advogado de Luciano Bonilha, e a testemunha de acusação do Ministério Público, o administrador Daniel Rodrigues da Silva, de 40 anos.
Questionado pela bancada de defesa dos réus se a loja de artefatos pirotécnicos foi fechada pela polícia, o proprietário negou. A defesa do réu insistiu, e ele disse que não iria responder. Na sequência, Severo se levantou e gritou: “Vai ter que responder, você colocou esse inocente aqui”, apontando para Bonilha.
Segundo Daniel, o estabelecimento é regulamentado pela polícia e não foi fechado em nenhum momento. O proprietário diz que o produto Sputnik, artefato que teria sido comprado por Luciano Bonilha, é recomendado para ambientes externos. O artefato teria sido utilizado pelo vocalista da banda Gurizada Fandangueira no dia do incêndio na casa noturna, tragédia que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos.
Segundo o proprietário da loja, na embalagem do produto o fabricante prevê que o artefato seja posto no chão para ser aceso. “É preciso colocar o objeto no chão, acender e se afastar numa distância segura, a cerca de 2 metros”, diz ele. A chama, diz Daniel, chega a uma altura de 1,50 metro.
O tom subiu durante o interrogatório da defesa do réu Luciano Bonilha. O advogado Jean Severo disse que “tudo é ilegal” na loja de artefatos pirotécnicos de Daniel. Exaltado, Severo se levantou e bateu boca com o juiz Orlando Faccini Neto. Irritado, o magistrado pediu um intervalo para acalmar os ânimos.
No retorno do intervalo, o juiz pediu calma. Ele disse que não quer antecipar nenhuma etapa, mas previu dificuldade no momento dos debates, quando o Ministério Público e defesa dos réus contra-argumentam. “Vamos tentar segurar um pouco isso, vamos tentar baixar um pouco a temperatura, somos profissionais. É um caso relevantíssimo para todos, mas não é o último caso da carreira de cada um.”
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